domingo, 7 de junho de 2009

Bullying


Introdução
Nos dias de hoje, o termo Bullying tem-se tornado comum dada a frequência com que aparecem relatos nos meios de comunicação social de situações envolvendo agressões físicas e psicológicas dentro das escolas, entre elementos da comunidade escolar, nomeadamente entre pares.
O Conceito de Bullying e suas implicações nas dinâmicas relacionais na escola e em contextos profissionais.
Bullying é um termo de origem inglesa que é usado para descrever actos de violência física ou psicológica, de forma intencional e repetida. Esta acção é normalmente praticada por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar colegas, aparentemente mais fracos e que não são capazes de se defender.
De acordo com Dan Olweus, um cientista sueco que se dedicou ao estudo deste fenómeno, bullying pode ser caracterizado de três formas:
• comportamento agressivo e negativo;
• comportamento que é executado repetidamente;
• comportamento que ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O Bullying pode ser posto em prática de forma directa, em que há a agressão física ou sexual a um indivíduo que outro ou outros, sejam eles parte de um grupo ou não, consideram mais fraco e de forma indirecta, também conhecido como bullying social, que consiste em agredir verbal e socialmente um sujeito considerado inferior. Enquanto que a primeira forma de agressão é mais comum entre o sexo masculino, a segunda forma é mais comum entre elementos do sexo feminino ou crianças pequenas. Nestes casos a vítima é forçada ao isolamento social através de comentários, pela recusa em socializar com a vítima, pela intimidação de outros que queiram socializar com a vítima e/ou pela crítica relativamente à maneira de vestir, religião, raça ou etnia, incapacidade, etc.
Geralmente as vítimas e mesmo os agressores apresentam graves problemas de auto-estima, sentindo-se, na maioria das vezes, com pouco poder de influência em relação aos pares. Esta mesma situação explica porque razão uns se tornam vítimas e outros agressores.
Ao contrário do que se possa pensar, o Bullying é um comportamento que pode existir em qualquer idade e local, não sendo por isso restrito às escolas, apesar das situações mais frequentemente descritas se passarem no espaço escolar. Entre os espaços que envolvem este tipo de comportamento temos naturalmente a escola, as universidades, os locais de trabalho, a zona de residência ou vizinhança e até mesmo países vizinhos, em que há uma rivalidade negativa entre os habitantes de ambas as soberanias, sendo um dos países mais poderoso do que o outro.
Nesta época, também conhecida por Era Digital, começa a ser comum o Cyberbullying. Este tipo de violência tem também como objectivo prejudicar alguém. A diferença reside apenas no facto de se recorrer ao uso das tecnologias de informação e comunicação para promover comportamentos deliberados, repetidos e hostis.
Análise de um caso
Caso I - Felizmente na escola onde lecciono não são conhecidos grandes problemas deste género. No entanto, há algum tempo tivemos um grupo de alunas que achou que tinha o direito de avaliar as colegas de outras turmas, massacrando as alunas provenientes de áreas ou famílias mais desfavorecidas, criticando e ridicularizando a sua forma de vestir, os materiais que usavam, etc. É evidente que numa escola pequena, este tipo de problema é facilmente detectado e pouco tempo depois a Directora de Turma, juntamente com o Director de Curso, ao qual essas alunas pertenciam, actuou, chegando mesmo a chamar os Encarregados de Educação das agressoras ou bullies, pedindo a sua colaboração para solucionar este problema. Uma vez que a escola estava atenta, os encarregados de educação colaboraram e as alunas que sofreram as agressões tiveram a coragem de contar o que se passava, a situação foi prontamente ultrapassada. No entanto, existem muitos outros casos que só se tornam conhecidos porque os agredidos tomaram medidas extremadas como resposta às agressões sofridas.
Caso II – “Um caso extremo de bullying numa escola foi o de um aluno do oitavo ano chamado Curtis Taylor, numa escola secundária em Iowa, Estados Unidos. O aluno foi vítima de bullying contínuo por três anos, entre as agressões estavam incluídas alcunhas jocosas, espancamento, a roupa suja e os pertences vandalizados. Tudo isso acabou por o levar o rapaz ao suicídio a 21 de Março de 1993.”
Os maus tratos a que este rapaz foi sujeito, sem que durante os três anos tenha havido qualquer tentativa de resolução do problema quer por parte do aluno, quer por parte dos pais, escola e colegas (pelo menos dentro do que é conhecido deste caso, uma vez que este aluno sofreu as agressões mantendo-as em segredo), levou-o a cometer o suicídio, uma vez que esta surgiu como a única saída acabar com o problema. Este tipo de agressão é extremamente violenta, uma vez que as vítimas são constantemente perseguidas e humilhadas, não conseguindo escapar de um círculo vicioso, que os destrói tanto psicológica como socialmente, deixando-os praticamente sem saída.
Na minha humilde opinião, esta situação extremada teve um desfecho infeliz, porque provavelmente não houve por parte da escola, juntamente com os pais e encarregados de educação uma acção concertada que levasse à extinção deste comportamento negativo e indesejável. É evidente que não se conhecem os pormenores do caso, sendo por isso muito difícil analisar de forma correcta toda esta situação. No entanto, enquanto mãe e professora acho que se esta situação se passasse com o meu filho, tentaria levar a cabo todos os esforço para a resolver e caso não conseguisse, trataria de pedir a transferência do meu filho para uma outra escola, numa tentativa de o poupar das agressões e humilhações que estaria a passar.
Apoiar e procurar soluções é a obrigação de todos. No entanto, as escolas, nomeadamente os professores têm de estar atentos a este tipo de situações, no sentido de agir atempadamente e “banir” este tipo de comportamento. Neste tipo de caso, a escola tem de reforçar as medidas educativas, como a vigilância, sanções, reuniões com encarregados de educação, etc, para que os agressores entendam que não será tolerada qualquer atitude desta natureza.
Considerações Finais
Este tipo de comportamento reprovável deve ser banido das escolas e outros locais em que existam. Na minha opinião só através da educação para a tolerância, respeito pelo outro e pela sua cultura, raça, etnia, mas principalmente pela sua individualidade é que se conseguirá ultrapassar ou banir este tipo de comportamento. A chave está sempre na educação, daí que as escolas e os pais tenham um papel preponderante em todo este cenário. No entanto, as sociedades também têm um papel a desempenhar, uma vez que somos o espelho do ambiente em que vivemos, e não pode haver tolerância e respeito numa escola, se a comunidade envolvente não viver de acordo com estes princípios.



Referências Bibliográficas
- Costa, Emília, Matos, Paula, 2006, Abordagem Sistémica do Conflito, Lisboa, Universidade Aberta
- Urra, J. (2007), O pequeno ditador. Da criança mimada ao adolescente agressivo (2ªed.), Lisboa: A esfera dos livros, pp. 325-336
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying

2 comentários:

  1. Olá, Ana Paula!

    Parabéns pelo teu espaço verde, onde se respira ar puro que alimenta o corpo e a alma!

    Apreciei o teu trabalho, em especial o primeiro caso que relatas, porque não consigo conceber uma juventude que valoriza mais o ter que o ser, elege o material em detrimento dos valores nobres de uma sociedade, como a tolerância para com as diferenças, o respeito pelos outros, a solidariedade, a amizade.
    A quem podemos imputar estas responsabilidades? Aos media, à família, à escola?
    Felizmente a situação foi detectada a tempo e resolvida com êxito, porque os vários intervenientes actuaram concertadamente e oportunamente.

    Beijinhos

    Engrácia

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  2. Estive por aqui em visita ao seu blog e me inteirar do seu trabalho! Abraço Ademar!!

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